Arquivo da categoria: Relatos

A Escalada Solo do Vulcão Osorno

Quando o rastro no solo coberto por pedras vulcânicas e poeira encontrou o glaciar, passei a seguir marcas de passos na neve. Não eram bem pegadas, pois deviam ser do grupo que subiu no dia anterior, ou mesmo da dupla que eu via quase no cume, e a essa altura o sol já derretia estes rastros na neve. Eram onze horas de uma manhã bem ensolarada, com céu azul. Eu me guiava por uma ondulação que seguia um padrão diferente das infinitas rugosidades naquele mar branco.

Me concentrava totalmente em não sair deste caminho, uma vez que eu estava sozinho e o perigo de cair dentro de uma greta, sem que um companheiro atado a mim por uma corda, pudesse deter minha queda.
As marcas pareciam seguir a rota mostrada nas fotos que estudei, mas em pouco tempo estava eu na borda de uma greta larga e comprida.

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A Pedra que Engole

 

A Pedra Que Engole
A Pedra Que Engole

Luciana Souza.

Essa cara amiga me aprontou uma boa na Pedra Que Engole, em Trindade, Rio de Janeiro.
Apreensiva que estava para entrar neste famoso buraco cheio d’água da cachoeira de Trindade, Lu já havia ido e voltado várias vezes tentando tomar coragem. Tentei convencê-la dizendo que eu entraria primeiro e lá dentro guiaria seu pé, pois a água que escoa pelo buraco forma uma cortina não deixando que se veja lá pra dentro.

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Como não pular carnaval no Nordeste

Alguns minutos depois comecei a perceber na escuridão, um morro alto à minha esquerda e bem próximo, que me obrigava a tentar contorná-lo pela direita. De repente chego numa espécie de área de estacionamento, com algumas barraquinhas, provavelmente de artesanato ou coisa assim. Reparei então um caminho íngreme por entre a vegetação no tal morro e percebi que o “morro” era uma duna, uma corda auxiliava a subida íngreme. No alto da imensa duna, minha lanterna não conseguia iluminar mais do que alguns metros e eu somente pude ter a sensação do imenso espaço escuro que estava a minha frente. Estava eu na borda da imensa faixa de areia que eu atravessaria nos próximos dias. Continue lendo Como não pular carnaval no Nordeste

Aventuras em Macaé

Sempre que eu viajo para Campos fico admirando aquela fabulosa montanha. Logo depois do carnaval em São Thomé das Letras, resolvi fazer um circuito, sair pedalando da BR-101, na altura de Macaé, em direção a Glicério, subir o Frade e depois seguir para Sana. Se desse tempo, também voltar pedalando até em casa. Vini Held veio comigo e iríamos encontrar Mônica e Junior em Sana.

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Aconcagua Sin Mulas

Tem sempre um momento que eu me dou conta que a aventura realmente começou. Desta vez foi quando o ônibus da Viação Expresso Uspallata partiu e me deixou com a pesada mochila de frente para o acesso ao Parque Provincial do Aconcagua, na Rota 7, rodovia que liga Mendoza, na Argentina, a Santiago do Chile, cruzando a Cordilheira dos Andes.

O sol abrandava o frio da manhã e o vento alastrava a poeira marrom por toda a parte.

À minha volta, gigantescas montanhas. Parte do meu objetivo se mostrava na direção norte: o Monte Aconcagua.

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Caminho da Luz de Bike

Era uma quarta-feira 20 de abril, véspera do feriado de Tiradentes. Fui na rodoviária comprar passagem para Tombos – MG, porem não tinha mais. A cidade mais próxima que teria vaga era para Carangola – MG, então comprei duas passagens para mim e Xanda. Chegamos em Carangola as 6:30 h da matina de quinta-feira, fui me informar sobre o ônibus que iria até Tombos – cidade onde inicia-se o Caminho da Luz, mas havia saído um as seis e só teria outro as nove. Nesse exato momento começava a aventura. Perguntei para o funcionário da Viação Real, responsável pelo trajeto:

– São quantos quilômetros de Carangola até Tombos? Continue lendo Caminho da Luz de Bike

Petró – Terê Selvagem

Chuva e relâmpagos logo acima de nossas cabeças. À medida que subíamos, parecia que entraríamos na tempestade elétrica. A sensação era de estar caminhando para o meio de um tiroteio rezando pra não ser alvo de uma bala perdida. A possibilidade de voltar frequentemente era analisada. A idéia de não precisar resgatar o carro depois de cansados seduzia. Enquanto seguíamos setas e totens que levavam a um caminho que não existia, os trovões e relâmpagos ficaram mais frequentes e violentos. O pessoal insistia em voltar ou nos deslocarmos mais para sul, pro lado dos Portais do Hércules, já que a maioria dos relâmpagos, raios e trovões agora caiam pro norte. Esse também era meu argumento para continuarmos a andar. Eram cinco da tarde e ainda dava tempo de pelo menos achar a trilha. 

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Correndo Atrás de Aventura

7:00 da manhã de domingo e eu pensava onde ou o que estariam fazendo a maioria das pessoas que eu conheço. Provavelmente dormindo naquela manhã chuvosa. Era divertido pensar nisso enquanto me dava conta da minha situação: 13 horas de corrida e atravessávamos um lago a nado enquanto chovia forte com pingos grossos que respingavam ao bater na água. Este lago parecia um cenário pré histórico com pontas enegrecidas de troncos que um dia já haviam sido árvores e agora, inundadas, saiam da água apontando para o céu.

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Boia Cross em Paracambi

DSC06773Minha última ação foi manter à direita pra enfrentar as ondas maiores, já que no dia anterior eu fui pelo meio do rio. Só me lembro de ter descido o primeiro degrau e ficar de frente pra primeira onda, que parecia maior ainda do que ontem. Pensei novamente: Não vai dar! Agora vou virar!

E virei. Que sensação de impotência! Água batendo na cabeça, lutando em vão pra me manter fora d`água, mesmo em pé, quando submergia, meus pés não tocavam o fundo, eu tentava puxar a boia pra perto de mim pelo strap, esta virava e caia na minha cabeça, eu estava bebendo água pra diabo quando eu me dei conta que eu ali era apenas um pé de meia numa máquina de lavar.

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