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Sobreviventes do Aconcagua relatam drama: ‘Bebemos a nossa própria urina’

Italianos precisaram misturar líquido com a neve para manter a hidratação
Agência/AFP

Marco Afazio quando chegou no Hospital de Mendonza, na Argentina, após o seu resgate

Os italianos que sobreviveram à tempestade no Monte Aconcagua, localizado na Argentina, começaram a contar detalhes do drama pelo qual passaram. Ao atingirem o cume da montanha, no início de janeiro, Marco Afazio, de 39 anos, Marina Acanazi, de 35 anos, e Mateo Refrigerato, de 35 anos, enfrentaram duas noites com temperaturas entre 20 a 30 graus abaixo de zero, sem barraca, saco de dormir ou fogareiro.

– Foi um pesadelo que nunca vou esquecer. Não foi fácil sobreviver em tais condições, foram dias de inferno. Bebemos a nossa própria urina misturada com a neve para hidratar – contou Mateo Refrigerato ao site espanhol “Marca.com”.

Marco Afazio contou que eles estavam em um grupo de seis pessoas. Além dele, Marina e Mateo, Antonella Targa, de 50 anos, desistiu de ir ao topo do Aconcágua, se desgarrou dos amigos e voltou para casa com vida. Outros dois componentes do grupo foram encontrados mortos. O guia argentino Federico Campanini, de 31 anos, chegou a ser resgatado, mas não resistiu. A italiana Elena Zenil, de 38 anos, se perdeu dos demais alpinistas antes de chegar ao cume e também morreu.

“Não foi fácil sobreviver em tais condições, foram dias de inferno. Bebemos a nossa própria urina misturada com a neve para hidratar”

– O problema começou durante o cume. Uma tempestade se formou e iniciamos uma descida rápida, sem muitas condições. A noite parecia eterna, e os problemas no grupo se agravando cada vez mais. O nosso guia teve um princípio de edema cerebral. Em seu delírio, não falava coisa com coisa – relatou o italiano.

Só em 2008, um total de 4.600 pessoas embarcaram ou tentaram escalar o Monte Aconcágua. Segundo o site espanhol, fontes oficiais confirmaram que dois ou três alpinistas morrem a cada ano. No entanto, este número já foi ultrapassado, com cinco mortes no mês de janeiro. Após o resgate dos italianos, a equipe de salvamento trabalha para encontrar o francês Tierre Beltein, que começou sua escalada há duas semanas e não deu mais notícias.

Mapas e Cartas

Mapas abrangem grandes regiões: o mundo, países, estados e municípios. Ou quaisquer outras grandes regiões. Cartas abrangem áreas menores. A Folha Topográfica é um tipo de carta que abrange áreas relativamente pequenas e é o tipo que serve para o que queremos: caminhadas.

Um mapa ou uma carta, pode ser planimétrica. Um mapa planimétrico bem conhecido são os mapas dos guias rodoviários. Cartas deste tipo mostram o terreno como algo plano.

Um mapa ou uma carta pode ser plani-altimétrica. Neste caso, não só mostram os mesmos detalhes do mapa planimétrico, como, também, mostram as alturas e profundidades através de curvas de nível.

Um bom modo de se ver uma curva de nível é fazer um bolo (de chocolate de preferência), daqueles que são meio cônicos, com um furo no meio…

Tendo o bolo, vá cortando-o em fatias horizontais, todas da mesma espessura. Depois, sem desmontar o bolo, dê uma olhada bem de cima, na vertical. Vê as marcas dos cortes? Pois elas são o equivalente às curvas de nível.

Nos mapas, as curvas de nível são como as marcas das fatias horizontais do terreno. Fatias com 20 ou 50 metros de espessura se a carta estiver nas escalas de 1:50 000 ou

1:100 000, respectivamente. Quanto mais próximas as curvas de nível estiverem umas das outras, mais íngreme o terreno. Quanto mais afastadas as curvas, mais suave e plano é o relevo.

 

Escala

Mapas são como a imagem reduzida do terreno. Mas quão reduzidas? É aí que entra a escala do mapa. Digamos que ele seja na escala de 1:1000. Isto significa que as coisas nele desenhadas são 1000 vezes menores que na realidade. Um risco de 1 cm teria, na realidade, 1000 cm (10 m). Para nós, andarilhos, o bom mapa deveria ter a imagem do terreno reduzida em 25.000 vezes, ou seja um mapa na escala de 1:25 000. Mas, infelizmente, no Brasil cartas nesta escala são raras.

As cartas mais comuns são as elaboradas pelo IBGE e/ou Exército. As que nos são mais úteis estão nas escalas de 1:50 000 ou 1:100 000. Nelas, infelizmente, não dispomos de tantos detalhes quanto normalmente precisamos. Cartas em 1:200 000 ou menos detalhadas não nos servem.

 

Grade de Coordenadas

Uma das primeiras coisas que se nota numa carta é que ela é toda coberta por um quadriculado de finas linhas. Chamamos a isto de grade de coordenadas. As linhas que correm no sentido vertical representam os meridianos. As linhas horizontais representam os paralelos.

Nas cartas náuticas, nos mapas terrestres de grande abrangência (mapa-mundi, de países ou estados) nota-se que as linhas verticais (meridianos), ou contrário das horizontais (paralelos), são curvas, encontrando-se nos pólos. Esta é a grade de Coordenadas Geográficas, cujos valores são medidos em graus, minutos e segundos. Existem, também, cartas cuja grade de coordenadas é formada por linhas retas. Esta grade de linhas retas tem o nome de seu inventor: Mercator… 

mercator

Gerardus Mercator, também conhecido como Gerardus Kremer, inventou, em 1569, a mais famosa das projeções usadas em cartografia. A projeção cilíndrica.

Hoje, usamos uma variante da projeção de mercator: a (projeção) Universal Transversa de Mercator ou UTM. Esta difere da original apenas pelo fato do ponto central da projeção estar situado no paralelo mais conveniente aos usuários do mapa em questão. Um detalhe que não nos interessa muito, no momento.

MapaCipo

Já nas cartas topográficas, a grade de coordenadas está ligada a um sistema de coordenadas retangulares métricas, ou seja, as distâncias entre as linhas são medidas em metros e não em graus. Isto facilita (e muito!) a medição das distâncias, diretamente na carta.

Nas cartas topográficas em 1:50000 e 1:100000, cada quadrícula tem exatamente 4 x 4 centímetros. Na carta de 1:50000, isto significa intervalos de 2 km, e nas cartas em

1:100 000, 4 km. Nas margens da área desenhada, vemos números como 7872, o que significa que aquela linha está a 7872 km da linha de origem (que está 10.000 km ao sul do equador). Os valores métricos das coordenadas crescem do sul para o norte (de baixo para cima) e do oeste para o leste (da esquerda para a direita). Parece um tanto confuso? Na verdade, isto não lhe vai incomodar muito. Basta lembrar que: numa carta topográfica o norte sempre está no topo da carta, e o leste à margem direita.

 

Declinação Magnética

declinacao-carta[1]

Em todas as cartas impressas pelo IBGE, no canto inferior direito, encontraremos uma figura semelhante a esta. Nesta figura encontramos diversas informações:

1 – a declinação entre o Norte Magnético e o Geográfico (seta vermelha da esquerda) e o ano de referência.

2 – a taxa com que varia tal declinação (caixa vermelha, embaixo).

3 – o nome da folha topográfica.

Usando estas informações, podemos calcular a declinação magnética atual. Sabemos que (neste caso) ela cresce 8 minutos anualmente, portando, desde 1977 até hoje (1999) ela já cresceu (1999-1977)x8= 176 minutos, que dividido por 60 dá 2,933º ou seja 2º 56′ (dois graus e cinquenta e seis minutos: quase 3 graus!).

Assim, hoje, a declinação magnética é de 18º41′ + 2º56’=21º37′.

Desta forma, mesmo usando um mapa antigo, podemos ainda atualizar parte das informações que ele contém.

NOTA: A parte dos minutos foi obtida assim:   0,93333° x 60 = 56′ (se quiser em segundos, multiplique por 60 de novo  0,933° x 60 x60= 3358,8″).

 

Interpretando as Curvas de Nível

FotoMapa.jpg (86346 bytes)

Eis aí uma foto da região de Belo Vale-MG (merece o nome, né?)  logo abaixo, um esboço de como seriam as curvas de nível de parte da região. No esboço, as manchas verdes são áreas de vegetação mais densa. As linhas vermelhas são as estradas. Os quadradinhos pretos são casas.

Compare as duas imagens. Note que não se consegue realmente VER o rio. Apenas achamos que ele está ali devido ao que PARECE ser uma mata ciliar (falaremos destas matas depois).

As curvas de nível são equidistantes, isto é, são sempre separadas pela mesma distância vertical (desnível). Nas cartas de 1:100 000 esta equidistância é de 50 metros. Em cada grupo de 5 curvas de nível uma recebe o valor da altitude. Não confunda altitude com altura. A altitude é sempre contada a partir do nível do mar, enquanto a altura pode começar a ser contada de onde você quiser. Note que no esboço acima eu não incluí qualquer altitude, pois as deconheço. Note, também, que não indiquei uma escala, pois não tinha como obter as dimensões a partir da foto acima. O desenho que eu fiz nem mesmo é um croqui, pois não indica qualquer distância.

 

 

 

Perdidos na Selva

Perdido em uma selva, sem mapa, comida, combustível, bússola e água. Primeira regra à se seguir é bem difícil, mas, extremamente necessária: manter a calma.
A situação nessas condições é quase sempre muito desesperadora, por isso, manter a calma é fundamental para que se possa raciocinar com clareza e chegar a conclusões que sejam benéficas para você e para o grupo que o acompanha. Continue lendo Perdidos na Selva

Corrida de Aventura – Orientação

Por mais que se estude orientação, nada substituirá a prática em campo, e principalmente em provas que exijam muita navegação em trekking por locais inexplorados.

Com relação às corridas de aventura realizadas no Brasil, podemos apresentar algumas dicas úteis, que foram fruto do aprendizado em provas:

  • Tenha o cuidado de sempre saber a sua localização. Não adianta dominar todas as técnicas de orientação e não ter este cuidado. Se não se sabe onde está, como saber para onde ir? Isto pode parecer óbvio, mas na verdade torna-se muito complicado principalmente nas provas longas, do tipo expedição, como a EMA, pois exige muita concentração do navegador.E com o passar dos dias, na ausência de sono e stress físico constante, é muito difícil manter a concentração. Por isso o ideal é que numa equipe sempre exista mais de um navegador, para assim revezar esta responsabilidade. Cabe lembrar também que em algumas provas exige-se a divisão da equipe em dois grupos que seguem caminhos diferentes, daí a necessidade de um segundo navegador ser ainda maior.
  • Com a experiência, você vai aprender a interpretar corretamente tudo o que o mapa indica. Por exemplo: alguns cursos de água, dependendo da época do ano, podem estar secos, e se você ignorar isto pode perder muito tempo até descobrir o que aconteceu. Com a prática, também, torna-se mais fácil analisar o terreno e a vegetação e calcular distâncias de trilhas e estradas.
  • O contato com moradores locais é uma fonte preciosa de informações. Às vezes eles conhecem caminhos (atalhos) que não constam dos mapas, e também podem tirar dúvidas, dar direção correta, informar distâncias, etc. Mas deve-se ter o maior cuidado ao obter e usar estas informações. Muitas vezes, nomes de fazendas e sítios que constam do mapa já mudaram ou não existem mais.Procure conversar com calma, sem influenciar a resposta. Já presenciamos casos de competidores impacientes que exigiram respostas rápidas, o que acabou confundindo as pessoas e lavaram-nas a dar informações incorretas.
  • O pior erro a ser cometido é o de andar em um caminho que siga paralelo ao correto. Neste caso, a bússola sempre vai indicar que a direção está certa, o que não significa que o caminho seja o correto. Na EMA-99, várias equipes seguiram por um vale paralelo ao que procuravam, o que levou à perda de preciosas horas.
  • Nunca se esqueça de proteger os mapas. O ideal é plastificar os mapas depois de plotados (isto é possível quando os mapas são entregues com antecedência suficiente). Outra solução é usar o papel contact. Neste caso, deixe uma borda grande o suficiente para evitar a entrada de água no caso de o mapa ficar submerso (isto acontece com freqüência maior do que se imagina).
  • Nos trechos de mountain bike, é bastante útil fazer a medida das distâncias usando um curvímetro (aparelho para medir distâncias em mapas – ver abaixo) e anotá-las de forma bem visível no mapa. Anote as distâncias para as referências mais notáveis, como pontes, bifurcações, entroncamentos, linhas de energia etc.Desta forma, evita-se ter que olhar constantemente para o mapa, o que dificulta a pilotagem. Algumas equipes chegam a converter o mapa num tipo de planilha, como as de rally, onde desenham as referências e respectivas distâncias. Outra dica é adaptar um suporte para os mapas na bike, o que agiliza bastante a leitura. Não é preciso dizer que é fundamental ter um computador de bike, devidamente calibrado, para medir as distâncias percorridas. O ideal é ter até mais de uma bike (ou todas) com este equipamento, pois costuma dar problemas devido ao barro acumulado e trepidações.
  • Em provas onde seja permitido o uso de GPS, recomendo o eTrex da Garmin. Ele é compacto, leve, resistente à água e consome pouca bateria (duas pilhas AA duram cerca de 12 horas). Usamos este GPS no Elf Authentique Aventure sem nenhum problema. Lembre-se de configurá-lo para usar o sistema de coordenadas UTM e o map datum chamado Córrego Alegre, que é o mais adequado para o Brasil. Existe uma versão do eTrex que possui inclusive um altímetro por sensor de pressão.
  • Para fazer as anotações no mapa, plotar os PCs e o caminho a ser percorrido, use canetas de fácil visualização, como os marcadores de texto e canetas hidrográficas. É horrível ficar procurando um ponto no mapa que não esteja bem visível, principalmente à noite.