Waldemar Niclevicz à caminho do campo base do Makalu

Irivan (esq) e Waldemar prontos para a expedição
Foto: Arquivo pessoal/ Waldemar Niclevicz

Estimados Amigos!

Depois de um vôo de 40 minutos em um avião Twin Otter (turbo hélice de dois motores), chegamos ontem em Lukla, uma pista de pouso que fica a 2.843m de altitude, na entrada do Khumbu, região central do Himalaia que abriga o Everest e o Makalu.

Deveríamos voar hoje para o acapamento-sul (4.800m) do Makalu, mas estamos tendo problemas para conseguir liberação do governo para usar o helicóptero. O boato é que o governo da China está pressionando o governo do Nepal para não autorizar vôos ao Everest e ao Makalu (que está apenas 22 quilômetros a leste). Dizem que o receio é que haja algum tipo de manifestação pró-Tibet, algo que se tornou uma grande dor de cabeça para o governo chinês, em razão da subida da tocha olímpica ao cume do Everest.

Uma equipe de 30 alpinistas chineses treinou durante três anos para levar a tocha olímpica ao alto do Everest, para isso este ano o governo chinês, inesperadamente, fechou o lado tibetano da maior montanha do mundo para os alpinistas (na verdade outras montanhas com o Cho Oyo (8.201m) e o Shisha Pangma (8.046m), que também são escaladas pelo Tibet, estão interditadas).

O lado nepalês do Everest também está parcialmente interditado, pois os chineses exigiram que o Nepal não permita que os alpinistas superem os 7.300m da montanha e, entre os dias 1º e 10 de maio, ninguém pode sequer superar a altitude do seu acampamento-base, que está a 5.400m.

Esta grande paranóia chinesa está deixando muitos alpinistas descontentes, já que todas as expedições ao Tibet foram canceladas, e o controle ostensivo no lado nepalês é um absurdo. Dizem que nesta semana uma bandeira tibetana foi hasteada no acampamento-base do Everest, o que acabou causando uma grande confusão. Até nós que estamos indo para o Makalu acabamos sendo afetados, em razão da proibição do uso do helicóptero. É uma pena que o governo do Nepal esteja se sujeitando a todas estas as exigências absurdas dos chineses.

Escalada – Nossa previsão é de voar amanhã para o Makalu, tomará que seja possível, pois eu e o Irivan não vemos a hora de começar definitivamente a escalada. Não somos os únicos que temos esta expectativa, também estão em Lukla outros 14 alpinistas que vão ao Makalu, entre eles Juanito Oiarzabal (espanhol que já escalou todas as 14 montanhas com mais de oito mil metros) e Ralf Dujomovitch, alemão que já escalou 12 montanhas de 8.000m.

Juanito tive o prazer de conhecer agora, ele já repetiu a escalada de cinco montanhas de 8.000m, em 2004 perdeu os dedos dos pés no K2 (em razão de congelamentos), e agora está voltando às montanhas do Himalaia para ver como será o seu desempenho depois das amputações. Já Ralf, que conheci em 1996 durante a escalada do Vinson (maior montanha da Antártida), está tentando completar todos os 14 Oito Mil, e se juntou de última hora a nossa equipe (Juanito faz parte de uma outra equipe formada por nove espanhóis).

Espero, em breve, mandar notícias diretamente do Makalu!

Um grande abraço para todos, Namastê,

Waldemar Niclevicz

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