Três resgatados e dois mortos no Aconcagua

Na maior operação de resgate já presenciada no Aconcagua, a maior montanha dos Andes, um grupo de resgate conseguiu auxiliar em meio a uma forte tempestade

Na maior operação de resgate já presenciada no Aconcagua, a maior montanha dos Andes, um grupo de resgate conseguiu auxiliar em meio a uma forte tempestade os três montanhistas italianos e o guia argentino, que horas depois morreu, segundo o cônsul italiano em Mendoza, Pietro Tombaccini.

Todos haviam sobrevivido a duas noites em aproximadamente 6.700 metros de altitude, no meio do glaciar dos polacos, com temperaturas entre 20 a 30 graus abaixo de zero, sem barraca, saco de dormir ou fogareiro.

A operação de resgate envolveu cerca de 40 policias, todos os guarda parques, um helicóptero e diversos guias de alta montanha, na maior operação de resgate que se tem notícia da montanha.

Além da perda do guia argentino, uma alpinista italiana também morreu. Todos os demais sofreram congelamentos, hipotermia e desidratação.
. O guia argentino era Federico Campanini, que foi encontrado descompensado e inconsciente e não conseguiu resistir a situação.

Os demais, que conseguiram suportar todas as dificuldades, foram retirados dos 6700 metros de altitude pelos homens dos resgates sob forte tormenta, onde a visibilidade não passava dos 10 metros!

A noite chegaram em um acampamento armado ao lado do refúgio Independencia, a 6.300 metros. Conforme informações oficiais, os italianos eram Mirko Affasio (39), Marina Attanasio (38) e Matteo Refrigerato (35). Elena Senin (38), foi a primeira vítima fatal.

Uma sexta integrante da expedição, a italiana Antonella Targa, de 50 anos, não passou por toda esta experiência graças a sua desistência, que ocorreu quando observou o mal tempo se aproximando da montanha.

Os alpinistas italianos haviam contratado em Roma o guia argentino, que estava radicado na Europa, e fizeram todos os preparativos da viagem pela empresa chilena Azimut 360.

A tragédia teve início quando a expedição iniciou o ataque ao cume desde Nido de Condores, a 5.400 metros de altitude, na terça feira, ainda de madrugada. Passaram sem problemas pelos refúgios Berlin e Independência (6.300 m) e chegaram à Canaleta, onde passaram por volta das 16 horas.

A chegada ao cume ocorreu as 16h30min, um horário não aconselhado. É recomendável que, não estando no cume até as 14 horas, voltar e tentar um novo ataque em outro dia. Pensando nisso, e vendo o tempo piorar, uma das italianas retornou a Nido de condores e de lá viu seus companheiros da expedição sumirem no meio de uma forte tormenta.

Esta foi à razão que fez com que os alpinistas se equivocassem. Já esgotados pela subida, ao invés de retornar pela Canaleta, se meteram no Glaciar dos Polacos, uma língua de gelo de aproximadamente mil metros, onde ficam rotas muito mais técnicas e perigosas que a normal, considerada de pouca técnica pelos montanhistas.

Quando já haviam descido por cerca de 300 metros, dois dos alpinistas italianos caíram cerca de 20 metros. Um deles teve várias fraturas e acabou falecendo no local em que ficou após a queda. O outro sofreu uma fratura. Todos se viram imobilizados, pois sem os equipamentos corretos, não conseguiam nem descer nem subir pela rota e decidiram parar.

Contudo, uma decisão anterior, que poderia ter modificado toda a história, havia sido tomada anteriormente: Haviam deixado suas mochilas, com boa parte do equipamento e da comida aos pés da Canaleta, como forma de aliviar o peso.

O guia Campanini comunicou-se duas vezes por rádio com as equipes de resgate. Na primeira vez, logo após chegarem ao topo, avisou aos guarda parques que estavam com problemas pois uma tempestade estava chegando. A segunda comunicação foi quando ocorreu o acidente. Alí ele revelou que um dos italianos já estava morto.

Após isso, passaram-se quase dois dias na montanha, até que finalmente a equipe de resgate conseguiu alcançar os montanhistas perdidos, porém não conseguindo reanimar o guia, que descompassado, acabou falecendo na montanha.

Com a morte destes dois montanhistas, já são três vítimas fatais nesta temporada no Aconcagua. Há alguns dias faleceu também no Glaciar dos Polacos o alemão Jeromin Stefan, de 42 anos.

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