Manifestantes invadem sede do Ibama em SP contra Hidrelétrica e Interdição de cavernas

SÃO PAULO – Manifestantes invadiram e protestam em frente ao prédio do Ibama em São Paulo, nos Jardins, contra a construção da usina h

SÃO PAULO – Manifestantes invadiram e protestam em frente ao prédio do Ibama em São Paulo, nos Jardins, contra a construção da usina hidrelétrica de Tijuco Alto e o fim da visitação em cavernas na região do Vale do Ribeira, sul do estado. O grupo, formado por cerca de 200 pessoas, ocupa a calçada e uma faixa de rolamento da Alameda Tietê, na altura da Melo Alves.

Segundo o líder do protesto, José Rodrigues, um parecer favorável para a construção de uma barragem e da usina afetaria a população de três cidades da região. Já o fim da visitação pública às cavernas, diz ele, deixou uma série de pessoas desempregadas. O Ibama interditou cerca de 47 cavernas paulistas por falta de um plano de manejo, ainda não realizado pelo governo do estado de São Paulo. A maioria delas, incluindo a Caverna do Diabo, a mais conhecida, fica no Vale do Ribeira.

– O povo está pagando por esse fechamento das cavernas. Há uma série de famílias que vivem disso e agora estão sem renda.

Há informações de que um dos manifestantes que entrou no prédio estava armado e foi retirado pela PM. Ele não foi identificado.

Usina Tijuco Alto é uma das quatro previstas no Rio Ribeira do Iguape
 
A hidrelétrica de Tijuco Alto é um projeto da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), do grupo Votorantim, que começou há 19 anos e foi tirado da gaveta em 2004. Um parecer favorável do Ibama pode dar início à construção da usina a partir de julho, com previsão de término em 2012. Estudos da CBA informam que 578 famílias serão atingidas.

O Ibama deve marcar audiência pública para ouvir a população do Vale do Ribeira, que será afetada pela usina.
Alguns pontos do projeto original foi readequado. No projeto inicial, a vazão do Rio Ribeira do Iguape teria queda na vazão numa extensão de 11 quilômetros. No atual, a empresa afirma que a vazão não será alterada. Outro exemplo é a retirada da água para a geração de energia. Inicialmente, ela seria captada a 70 metros de profundidade. Agora, seria retirada da superfície. O deplecionamento do reservatório, que chegaria a cerca de 30 metros, passou para 5 metros.

As 578 famílias terão de ser reassentadas ou indenizadas. A empresa promete dar infra-estrutura aos reassentados, como casa, rede elétrica, abastecimento de água e acesso. A CBA também teria de investir em reservas no Vale do Ribeira, mas o valor não foi definido ainda.

A usina vai fornecer energia para a CBA e será instalada no Rio Ribeira do Iguape, entre as cidades de Ribeira (SP) e Adrianópolis (PR). De acordo com ONGs ambientalistas, em 2003 o Ibama recusou o relatório de impacto ambiental (Rima) apresentado pela CBA. Em 2005, a empresa voltou a dar entrada no projeto.

Para a comunidade, o projeto não segue as leis criadas a partir de 2004, que prevê avaliação ambiental do conjunto de aproveitamentos hidrelétricos previstos para uma mesma bacia hidrográfica. Outras três usinas estariam planejadas para a mesma bacia: Funil, Itaóca e Batatal. Seriam, no total, quatro barragens que, segundo os ambientalistas, não podem ser analisadas separadamente.

Para a comunidade, há risco de deterioração da qualidade da água em todo o curso do rio, prejuízo à pesca na região e, além disso, a usina vai influenciar na biodiversidade da região.

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