A equipe brasileira Alaya Bozo D’Água venceu todas as competições internacionais que participou em 2007. Com o título de campeã brasileira, conquistado em fevereiro, garantiu a única vaga para o Mundial da Coréia, realizado em julho, onde se consagrou vitoriosa. No último mês de outubro os meninos de Brotas, interior de São Paulo, encerraram a temporada com chave de ouro, foram campeões do Zimbezi Challenge, cujas corredeiras são as mais difíceis do mundo.
Em alguns países estes títulos lhe renderiam reconhecimento, além de milhares de dólares, não no Brasil. Com pouca infra-estrutura e investimento, os canoístas precisam dispor de recursos próprios para poder comparecer aos eventos, o que não foi diferente no Zimbezi Challenge, que aconteceu na África do Sul. “Tiramos dinheiro do bolso para ir à África e agora estamos devendo, pois nossa atividade não trás retorno financeiro nenhum”, contou o atleta André Brandão, de 24 anos.
Ao contrário das equipes de ponta padrão, o segredo do sucesso da Alaya Bozo D’Água não é dinheiro ou treinamento intensivo. “O grande segredo é a união”, enfatizou André. “O que sobressaiu muito na África foi o sincronismo e a harmonia dentro da equipe, porque todos são guias e sabem o que fazem dentro da embarcação. Isto favoreceu muito, pois o Zambezi é muito volumoso e de muita técnica”, complementou.
“Até recentemente eles nunca tiveram estrutura, federação, técnico ou patrocinador. Acredito que o fato de terem conseguido tudo na raça faz com que na hora da competição todo este esforço acabe se manifestando em superação e vontade de vencer”, analisou Jean-Claude Razel, técnico e manager da Bozo D’água, além de fundador da Alaya Viagens e Turismo, empresa patrocinadora da equipe. Assim como André, Jean-Claude acredita que a base deste esporte seja a sintonia e a coordenação entre os atletas, o que os brasileios mostraram ter de sobra.
“Eles têm muitos conflitos porque são todos jovens, com bastante personalidade, mas ao mesmo tempo têm uma imensa capacidade de resolvê-los. Um dia parece que eles nunca mais vão se falar na vida, no dia seguinte estão como se fossem irmãos”, confessou Razel. “O segredo deles é psicológico, conjunto, origem e determinação”.
Técnica – Justamente devido à falta de recursos, os atletas desenvolveram sua técnica sozinhos. “Aprimoramos um sistema de remada mais longa, o que é uma certa vantagem em relação as demais da equipe. Na remada mais longa temos uma projeção de remo maior, possibilitando que a gente consiga puxar mais água”, relatou Brandão.