Washington, 28 nov (EFE).- Um grupo internacional de cientistas advertiu hoje que o desmatamento e a mudança climática são a principal ameaça para a bacia amazônic
Washington, 28 nov (EFE).- Um grupo internacional de cientistas advertiu hoje que o desmatamento e a mudança climática são a principal ameaça para a bacia amazônica no século atual, e que é "quase inevitável" que ocorra uma conversão substancial das selvas em terras agrícolas ou de pastoreio.
Em artigo publicado hoje pela revista "Science" cientistas do Brasil, Estados Unidos e Inglaterra dizem que a mudança climática provocará mudanças nas chuvas em algumas regiões e secas em outras.
A esse problema se soma a velocidade e a magnitude das pressões humanas sobre a riqueza florestal que literalmente perde terreno e resistência diante dos incêndios e do desmatamento.
Considerada a maior riqueza florestal do mundo, com um quarto de todas as espécies do planeta, a bacia amazônica cobre uma superfície de 5,4 milhões de quilômetros quadrados.
Sessenta e dois por cento do território amazônico é do Brasil e o restante é dividido entre Peru, Equador, Bolívia, Guianas e Suriname.
Sua vegetação representa 15% do processo de fotossínteses no mundo todo.
Segundo os cientistas, desde o período cretáceo essa rica área florestal governou a circulação atmosférica e as precipitações na América do Sul e até no Hemisfério Norte.
Mas, em 2001 a conta tinha perdido 857.000 quilômetros quadrados de florestas tropicais em suas margens sul e oriental por causa da criação de gado e produção de soja.
Os cientistas disseram que é "quase inevitável" que ocorra uma conversão substancial das selvas amazônicas em terras agrícolas e de pastoreio como parte do desenvolvimento dos países amazônicos, dizem os cientistas.
"O perigo é que a degradação do ecossistema poderia empurrar algumas subregiões a um regime de clima árido permanente e enfraquecer a resistência de toda a bacia perante uma possível seca em grande escala causada pela mudança climática", diz o artigo.
Paralelamente, a bacia sofreu um aumento de temperatura de 0,25 graus centígrados por década, e está sendo projetada uma alta de 3,3 graus para este século.
Em comparação, até o fim da última era glacial, a bacia amazônica registrou um aumento de temperaturas de apenas 0,1 graus centígrados.
Para enfrentar os perigos que espreitam ao que muitos consideram o pulmão do mundo, os cientistas propõem um plano que inclui como ponto prioritário frear o desmatamento.
Também propõem um maior controle do uso do fogo nas florestas tropicais através de programas de educação e de aplicação de normas específicas.
Além disso, sugerem manter corredores para as espécies migratórias e refúgios fluviais para os sistemas aquáticos e manter a zona noroeste do Amazonas, considerada a mais abundante em biodiversidade e a menos vulnerável a uma seca.
Segundo os cientistas, esse plano reduziria a perda florestal de 47% para 28% em 2050.
"Os próximos anos representam uma oportunidade única, talvez a última, de manter a flexibilidade, resistência e os serviços ecológicos da Amazônia diante da ameaça de seca e desmatamento", dizem os cientistas em seu relatório.
Para atingir esse objetivo, acrescenta que será preciso uma melhor ciência meteorológica, ecológica, econômica e social a fim de desenvolver, aplicar e vigiar políticas efetivas para proteger o futuro da região.
"O outro requisito básico é a vontade política em nível local, nacional e internacional", segundo manifestam.
Mas, ao mesmo tempo, reconhecem que qualquer plano para neutralizar o declínio ecológico da Amazônia enfrenta vários desafios.
Entre eles estão incluídos a globalização das forças do mercado, a escassez de recursos financeiros, de livre acesso à informação assim como uma capacidade limitada tanto técnica como de controle por parte das autoridades policiais.
Na preparação do artigo participaram cientistas do e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, de São José dos Campos (Brasil); da Universidade de Oxford (Reino Unido); da Universidade William and Mary (EUA); e da Escola de Ciências da Terra e da Atmosfera do Instituto Tecnológico da Geórgia (EUA). EFE