–/> RIO – Um grupo de voluntários canadenses vai reforçar a equipe que realiza as buscas pelo brasileiro Gabriel Buchmann, desaparecido no Monte Mulanje, no Malawi, há dez dias. A família do economista, de 28 anos, que tem um projeto de estudo sobre países pobres, está pedindo doações em blog na internet para arcar com os custos de viagem e estadia dos sete especialistas em salvamento, que participaram das buscas às vítimas do ataque terrorista às Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York, em 2001. – O governo brasileiro estava participando, mas existe muita burocracia para liberar dinheiro para a procura. Estamos correndo contra o tempo – contou Maria de Fátima Buchmann, mãe de Gabriel. – Precisamos de doações com a máxima urgência. Agora. O dinheiro que sobrar será revertido para ONGs do Malawi – completou. Equipes com mais de 50 homens vasculham diariamente a área onde Gabriel poderia estar, mas o grupo local está cansado, informou a família. A equipe canadense provavelmente focará as buscas nas áreas montanhosas, liberando os guias locais para explorar a área da floresta que ainda não foi examinada. Até agora apenas a mochila e o passaporte do brasileiro foram encontrados na Cabana Chisepo, uma parte da trilha formada por cavernas e buracos. – Quando a família soube que o Gabriel deixou uma mochila com pertences (incluindo dinheiro, cartão de credito e passaporte) no acampamento, houve muita apreensão. Mas depois soubemos que isso é um procedimento padrão, uma regra do parque, para evitar que as pessoas tentem acampar nas trilhas – explicou a amiga Gabriela Podcameni. " O Gabriel ainda tem muito o que fazer aqui no Brasil contra a pobreza. Sua vida toda foi dedicada a isso " O preço para manter a procura pelo carioca é alto. Um helicóptero financiado pelo governo brasileiro realizou buscas apenas por dois dias, na última quarta (22) e quinta-feira (23). Segundo a mãe, a administração do parque considera o sobrevoo da área necessário, pois Gabriel poderia "estar encurralado, na beira de um penhasco, com dificuldades para descer". Apenas o deslocamento do helicóptero de Moçambique para o Malawi custa US$ 20 mil (cerca de R$ 40 mil), além dos US$ 600 por hora de voo (cerca de R$ 1.200). A família estima que serão necessários em torno de US$ 25 mil (ou R$ 50 mil) só para levar e manter a equipe voluntária durante duas semanas no Malawi. – Eu sou mãe. Estou absolutamente abalada, parece um pesadelo. Mas tenho muita fé de que ele está vivo. Por isso estamos insistindo absurdamente. Ele tem muita experiência de viagem. É um jovem muito resistente à fome, sede, frio (…). Isso nos dá um ânimo enorme – contou Fátima. – Todos os amigos dizem: ‘O Gabriel aguenta. É safo, sabe como conseguir água, deve estar comendo até folha’. Além disso, é um jovem espiritualmente muito desenvolvido, tem muita força mental espiritual. Na próxima terça-feira, data em que Gabriel retornaria ao Brasil, amigos e familiares realizarão um evento na Praia de Ipanema, com início marcado para as 7h. O local de encontro é no quiosque Ponto da Saúde, próximo à Rua Maria Quitéria. – O Gabriel ainda tem muito o que fazer aqui no Brasil contra a pobreza. Sua vida toda foi dedicada a isso. Quando ele voltar, vai agradecer pessoalmente – disse Maria de Fátima.