André Ilha relata a conquista de dois picos no Espírito Santo

André no cume da Pedra da Banana
Foto: Yuri Berezovoy/ Arquivo Pessoal

Vista para a Pedra da Banana
Foto: André Ilha/ Arquivo Pessoal

A curta escalada da Pedra da Careta
Foto: André Ilha/ Arquivo Pessoal

Pedra da Jararaca: encontro desagradável
Foto: André Ilha/ Arquivo Pessoal

A seguir, o montanhista André Ilha, conta como foi a conquista de dois novos picos de escalada no Espírito Santo. Juntamente com o companheiro Yuri Berezovoy, Ilha escalou em Águia Branca e Pancas. Acompanhe.

Neste último Carnaval, Yuri Berezovoy e eu conquistamos dois pontões no Espírito Santo: um em Águia Branca (Ah! Águia Branca…), e o outro em Pancas. Primeiro subimos a Pedra da Banana, um pontão colado em outra montanha maior e arredondada, com acesso por caminhada e situada bem em frente aos Três Pontões de Águia Branca a curta distância a pé. Ele foi subindo de uma só vez em um dia pela via ‘Só o Cume Interessa’ (3º IIIsup, 230 m), nome escolhido em homenagem ao bloco carnavalesco dos montanhistas do Rio que a cada ano faz mais sucesso!

É uma escalada fácil, bonita e de acesso facílimo. Provavelmente a opção mais ‘light’ na área, ela conta com cinco grampos e o resto da proteção é em móvel sendo necessários um jogo de friends e alguns nuts de cabo. A longa fenda final (40 metros), muito bonita e inesperada, requer peças bem grandes para ficar bem protegida, mas quem estiver confiante sobe de qualquer maneira. O rapel exige duas cordas de 60 metros.

Em Pancas subimos também em um só dia um pontão bem mais impressionante que batizamos de Pedra da Jararaca devido ao encontro desagradável que tivemos com duas delas. É um pontão também próximo à outra montanha maior, acessível por caminhada, só que ao contrário da Pedra da Banana, ele fica bem destacado desta.

Natureza na Passarela – Ainda na linha carnavalesca, chamamos nossa via na Pedra da Jararaca de “A Natureza na Passarela” (tem a ver com o samba-enredo ecológico deste ano da Portela) – 4º Vsup A1, 100 m. É uma via que entremeia trechos de escalada com outros longos de vara-mato, sendo 100 metros o somatório aproximado dos diversos segmentos de rocha. Usamos um jogo de friends (até Camalot 4) e um de nuts de cabo. Não é uma escalada bonita, pois tem muita vegetação e trechos de chaminé ou diedro gosmentos de limo e água, mas foi uma bela aventura na única linha possível de se subir a montanha sem um empreendimento de muitos dias, muitos grampos e longos artificiais, pois ela é compacta em quase todos os lados.

A via começa com uns costões fáceis para evitar (parcialmente) um horroroso espinheiro. Depois tem um diedro em horizontal para a direita feito em A1, seguido de uma chaminé molhada. Por termos levado poucas peças e costuras, a seqüência seguinte, que é o filé da escalada — uma espetacular fenda contínua de uns 40 metros, teve de ser quase toda feita em artificial móvel, e assim mesmo deu uma onda.

Quando a fenda acaba, cerca de 10 metros do platô acima, batemos um grampo e pendulamos para a esquerda para pegar uma língua de mato que nos levou até quase o cume. Para chegar nele, um trepa-ombro e o crux de agarras e aderência (sem o trepa-ombro deve ser em torno de VIIb/VIIc). A via toda conta com apenas dois grampos, ambos para parada e rapel, o qual também exige duas cordas de 60 metros.

Nos dois casos deixamos livros de cume e soltamos os tradicionais morteiros comemorativos da conquista de montanhas virgens.

Além disso, subimos também por caminhada, com uma curta escalada no final, a Pedra da Careta (nome local), outra montanha em Águia Branca também próxima aos Três Pontões. Ela já havia sido subida, por uma língua de mato próxima, por moradores da região, mas é um programa também bem interessante de ser feito, pois é rápido e conta com uma vista espetacular do Pontão Maior e do Menor.

Concluindo, Águia Branca e arredores têm um imenso potencial não apenas para escaladas, mas também para caminhadas como essas que fizemos. Fica a sugestão para visitas futuras de outros!

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