A corda é um instrumento de segurança. Depende de sua qualidade, do uso que se dá, e de sua conservação, uma corda pode ter uma vida útil m
A corda é um instrumento de segurança. Depende de sua qualidade, do uso que se dá, e de sua conservação, uma corda pode ter uma vida útil mais, ou menos longa…
Cuidadosa e constante revisão das cordas deve ser feita sempre, depois e antes de usá-las. A inspeção deve ser com luz suficiente (lá fora), examinando e apalpando a corda dos dois lados, palmo a palmo. Qualquer defeito encontrado deve ser eliminado, em geral cortando-se o pedaço comprometido. Se o defeito é no meio da corda, infelizmente de uma corda longa obtém-se apenas duas cordas curtas, mas é preferível sacrificar a corda, do que a segurança que ela fornece. Uma corda muito sofrida, ou já com longo tempo de uso, deve ser retirada de uso e devidamente marcada como tal.
Para evitar um rápido desgaste de cordas, com conseqüentes despesas de reposição, certas regras de conservação podem ser respeitadas:
Corda não é capacho – não pise em cima. A corda não deve ser arrastado pelo chão. Poeira e pequenos cristais de rocha abrem caminho pelas fibras, e aos poucos, internamente, destroem a corda de modo não visível da superfície.
Evite que a corda corra sobre arestas (agudas ou rombas), especialmente sob forte tração. As cordas de Rappel ou de jumar em especial, devem ser colocadas fora do alcance das bordas do paredão. Para isto, solteiras mais curtas devem ser usadas entre a corda e o ponto de fixação. São estas cordas mais curtas que sofrerão o desgaste, e em caso de lesão podem ser retiradas de uso sem grandes perdas.
Não deixe a corda sob tensão por qualquer período longo de tempo. Nunca a use para rebocar carros ou qualquer uso que não especificamente para a finalidade a que se destina. Uma vez usada para outra coisa, ela é então e para sempre uma corda de reboque e nunca mais uma corda de segurança.
Lave sempre as cordas quando estiverem sujas- e em espeleologia isto quer dizer: após cada excursão. Pode-se deixar a corda de molho em um balde ou no tanque, trocando a água suja de tempos em tempos. Se quiser utilizar algum tipo de sabão, escolha um neutro para não danificar as fibras e, em alguns casos, a impermeabilidade da corda. Ela pode até mesmo ser lavada em máquina de lavar roupa (mas não a torça lá). Além de beleza de uma corda recém-lavada, a agitação da água retira os micro cristais da trama das capas de nylon.
Lavada ou não lavada, deixe sempre a corda secando, após cada excursão: à sombra, pendurada em voltas frouxas, e fora do alcance de aquecedores ou qualquer fonte de calor. Depois de usar e antes de guardá-la, remova todos os nós.
Os raios ultravioleta, com o tempo, deterioram fibras de nylon. Por isso, não deixe a corda desnecessariamente ao ar livre, exposta à luz solar.
Uma corda de escalada é um instrumento de precisão, utilizado para um esporte altamente técnico. Ela deve ser tratada com o mesmo respeito e cuidado que qualquer outro fino instrumento. Quando a vida de alguém estiver pendurada pelo fio, todo cuidado gasto na sua preservação não terá sido demais.
A melhor maneira de enrolar a corda é às braçadas (nunca entre mão e cotovelo, ou entre o joelho e pé, em que a corda é retorcida em voltas curtas dando problemas ao desenrolar), ou seja em voltas longas, segurando com uma mão a corda enrolada, e a outra medindo o comprimento de cada volta. Ao terminar, uma fogaça de seis ou sete voltas segura o conjunto sem se desmanchar. A corda também pode ser enrolada e depois fixada de forma diferente, como se fosse uma mochila, sendo mais fácil de transportá-la às costas.
CORDA ESTÁTICA:
Pela definição técnica americana, uma corda estática deve ter o coeficiente elástico passivo (carga de 90 kg) de menos de 2% e apresentar um baixo coeficiente de deformação até muito próximo da carga de ruptura.
A especificação de carga obviamente varia de acordo com o diâmetro do material em questão. Para se ter um parâmetro comparativo, uma corda de escalada com 11 mm de diâmetro possui a elongação passiva da ordem de 7,5% e a deformação máxima próxima da carga da ruptura supera 30%.
Note-se que o parâmetro elástico não consegue por si só definir a corda estática e mesmo aquelas que são virtualmente estáticas podem não possuir a aprovação de um orgão oficial, por exemplo a NFPA (National Fire Protection Association – EEUU).
No Brasil a maioria das pessoas chamam as cordas não dinâmicas de estáticas. Nós defendemos a tese de que apenas as cordas com características definidas tecnicamente como estáticas devem assim ser chamadas. As que não se enquadram nessa categoria devem ser chamadas de cordas de baixa elasticidade, principalmente para evitar confusões e o mau uso.
Cordas estáticas são especialmente úteis em situações em que a elasticidade (efeito iô-iô) é perigosa e são recomendadas para todas as situações em que o risco de impacto inexiste.
Exemplos de uso: Espeleologia (uso genérico), Rappel, resgate, operações táticas e segurança industrial.
CORDA DE IMPACTO:
Em certas situações de segurança industrial e mesmo em resgate, existem operações com possibilidade do sistema sofrer impacto. Na área industrial é comum o emprego de corda estática em conjunto com lanyards (amortecedor passivo de choque) em operações que podem envolver carga de choque.
Os amortecedores de choque não são recomendáveis para sistemas tradicionais de resgate como içagem e tirolezas mas podem ser úteis para alguns sistemas específicos para minimizar o choque – tanto no pessoal quanto na ancoragem.
A corda de impacto difere da estática por possuir o coeficiente elástico mais progressivo podendo sofrer elongação superior a 20% próximo à carga de ruptura. A PMI está na fase final do desenvolvimento da Corda de Impacto (um projeto 100% novo) que deverá estar no mercado no segundo semestre de 97. Atenção: A corda de impacto é corda de impacto. Ela não é dinâmica e muito menos estática.
Exemplos de Uso: Resgate, operacões táticas e segurança industrial quando existe a possibilidade de impacto.
Personal Escape Rope: É uma categoria de corda que deve ser estática, mas que pode ter diâmetro reduzido. A PMI fabrica PE Ropes de 7,5 e 8mm de diâmetro aprovadas pela NFPA.
PE Ropes são utilizadas como material de uso pessoal para fuga pessoal de um usuário treinado, por exemplo de um prédio em casos de incêncio. O freio/descensor para estas cordas são os PED (Personal Escape Descender) e não são aprovados para uso tático.
CARACTERÍSTICAS, PARÂMETROS TÉCNICOS E CUIDADOS
FLEXIBILIDADE
Se você está buscando uma corda de fácil manuseio, talvez fique tentado a comprar a corda mais macia que encontrar no mercado. Mas antes de mais nada, você deve considerar os pontos do projeto que envolvem a fabricação de uma corda mais flexível: A- Menos material na capa ou na alma, B- Menos fibras na capa, C- Capa mais solta sobre a alma, D- Malha mais aberta no trançado da capa.
COR
Para muitas pessoas a cor de uma corda é mera questão de gosto pessoal. Mas as cores podem também ter funções importantes. Por exemplo, uma corda laranja possui melhor visibilidade em ambientes pouco iluminados e também aparecem bem em ambientes de fundo claro (cordas brancas ou amarelas possuem boa visibilidade mas não com fundo claro). Por outro lado, unidades táticas devem utilizar cordas escuras ou camufladas de acordo com o ambiente, exatamente com o intuito de fazer a corda desparecer no ambiente.
CUIDADOS:
A PMI utiliza filamentos contínuos de nylon tipo 6.6 tanto na alma quanto na capa das cordas. O trançado e a firmeza da capa 100% nylon em conjunto com a disposição paralela contínua (e não torcida em espiral) das fibras da alma propiciam uma resistência superior às cordas PMI além da boa resistência ao calor, produtos químicos e à abrasão.
Mas isso não significa que essas cordas sejam à prova de abuso ou de mau uso. A corda estática, principalmente quando usada em operações táticas ou de resgate, é um material técnico. E assim sendo a habilidade de usá-la corretamente faz parte das qualidades fundamentais do usuário. Existem alguns pontos em que deve-se tomar muito cuidado:
Produtos químicos: Existem dois grupos de produtos relativamente comuns (principalmente em ambientes industriais) que não devem entrar em contato com cordas: ácidos e hidrocarbonetos (derivados de petróleo).
Existem vários relatos de acidentes por rompimento de corda devido ao enfraquecimento do material causados por esses grupos de produtos. E é ao mesmo tempo interessante e assustador saber que uma parcela considerável dessas contaminações ocorreram dentro dos carros. A água (ácido) das baterias tem sido um dos vilões da história juntamente com resíduos de óleo, querosene, gasolina e diesel.
Os Hidrocarbonetos ainda são detectáveis em maior ou menor grau devido ao cheiro e cor. Mas os ácidos são extremamente perigosos sendo que muitas vezes a corda se mantém em perfeito estado visual, mesmo quando consideravelmente degradada.
Abrasão: As cordas PMI possuem a fama mundial de aguentar qualquer parada. A PMI tem orgulho da qualidade que a tornou conhecida, mas os usuários devem sempre ter em mente que uma corda, por melhor que seja, é constituida de fibras de poliamida. Em outras palavras, estamos falando de fibras têxteis.
A abrasão causada pelas quinas e arestas rochosas durante uma operação tem sido um problema uma vez que normalmente resultam em danos localizados. Muitas vezes a corda está perfeita na sua totalidade exceto num determinado ponto onde acabou abrindo um talho na capa ou coisas assim. Na pior das hipóteses o dano pode resultar em rompimento da corda durante o uso. A capacidade para conseguir visualizar os possíveis pontos de abrasão, evitá-los quando possível e protegê-los quando necessário faz parte da habilidade do usuário.
Choque: As cordas estáticas não têm nem de longe o poder de amortecimento de choque das cordas dinâmicas. Assim sendo não é recomendável utilizá-la em sistemas de impacto sem a instalação de amortecedores passivos de choque (lanyard). Sem a instalação de lanyards, no caso de choque, não apenas o pessoal, mas também a ancoragem seria submetida ao impacto.
Pré-Tensionamento: Mesmo as cordas tecnicamente estáticas possuem uma pequena elasticidade. Dependendo do tipo de operação ou comprimento da corda, essa característica pode não ser bem vinda.
Assim sendo é uma prática relativamente comum pegar uma corda nova e tensionar com carga de 200 a 300 kg antes do uso. Isso faz com que ela sofra uma esticadinha de caráter definitivo, tornando-a um pouco mais estática.
VIDA ÚTIL
A vida útil de uma corda não pode ser definida pelo tempo de uso. Ela depende de vários fatores como grau de cuidado e manutenção, frequência do uso, tipo de equipamentos que foram utilizados em conjunto, velocidade de descida em Rappel, tipo e intensidade da carga, abrasão física, degradação química, exposição a raios ultravioleta, tipo de clima etc.
Temos relatos de usuários que submeteram as cordas PMI a muitos milhares de rapéis antes de aposentá-las. Mesmo cordas duráveis e resistentes como a PMI estão sujeitas às forças destrutivas. Qualquer corda está sujeita a falha se for mal conservada ou utilizada em condições abusivas ou extremas como ação de arestas cortantes ou abrasivas. Outra forma de judiar da corda é submetê-la ao choque de carga (chock loading).
Independentemente do tempo de uso uma corda deve ser posta de lado quando verificada uma ação considerável de abrasão, sofrer dano localizado na capa, submetida a um severo choque, suspeita de contaminação química ou de qualquer outra natureza.