CONFERÊNCIA DO CLIMA
BALI – Após 13 dias de negociações, os Estados Unidos cederam às pressõ
CONFERÊNCIA DO CLIMA
BALI – Após 13 dias de negociações, os Estados Unidos cederam às pressões intrnacionais e retiraram a oposição a um trecho do texto final da Conferência sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (ONU) que pedia "mais ação" dos países desenvolvidos no combate ao aquecimento global. O documento, que foi aprovado pelas delegações de 190 países, indica prazos e princípios para a elaboração do futuro regime global de mudanças climáticas que sucederá o Protocolo de Kyoto – que expira em 2012.
Para conseguir a adesão da delegação americana ao compromisso firmado em Bali, uma espécie de guia, chamado de ‘Mapa do Caminho’, os negociadores decidiram retirar do texto uma menção direta às metas de corte de emissões nos países ricos até 2020. As recomendações do Painel Intergovernamental para Mudança Climática (IPCC) aparecem em uma nota de rodapé.
O compromisso firmado foi descrito pelo anfitrião do encontro, o ministro do Meio Ambiente da Indonésia, Rachmat Witoelar, como "um verdadeiro avanço, uma oportunidade para a comunidade internacional combater o aquecimento global" e como "grande vitória dos países em desenvolvimento", pelo chefe da delegação brasileira, o embaixador Everton Vargas. Opinião compartilhada pelo coordenador de Políticas Públicas do WWF-Brasil, Mauro Armelin.
– A grande liderança mostrada pelo G77 (o grupo que reúne os países em desenvolvimento) foi um fato histórico – disse Armelin.
" Perdeu-se a oportunidade de se chegar a um acordo muito mais ambicioso "
Apesar disso, a influente organização ambientalista internacional criticou, de forma geral, as concessões feitas para se chegar ao consenso deste sábado.
"Na verdade, perdeu-se a oportunidade de se chegar a um acordo muito mais ambicioso e iniciar já algo realmente importante para o planeta e para a vida. Temos de sair do imobilismo e enfrentar a questão das mudanças climáticas com mais determinação", afirmou a secretária-geral do WWF-Brasil, Denise Hamú.
O Greenpeace também fez críticas ao texto final da Conferência do Clima realizada na Indonésia, do qual teriam sido subtraídas "as metas de redução de emissões tóxicos que a ciência e a humanidade exigem."
Para a ONG americana Centro Pew para Mudança Climática Global, a inclusão dos Estados Unidos no compromisso, é positiva, ainda que algumas questões importantes tenham ficado em aberto.
" O importante é que ninguém ficou de fora "
"O importante é que ninguém ficou de fora. O documento desafia todos os governos a confrontar as duras questões adiante e abre caminho pela primeira vez para uma negociação sobre compromissos pós-2012", dizia nota divulgada à imprensa.
O ministro do Meio Ambiente da Indonésia, Rachmatg Witoelar, bateu o martelo do pacto sob aplausos de delegados, desgastados após negociações intensas e numerosas disputas nos últimos dias.
– Eu acho encorajador. Esse é um sinal real de disposição para um acordo – disse Yvo de Boer, secretário-executivo da Convenção do Clima.
O encontro, que começou no dia 3 e terminou com um dia de atraso, neste sábado, foi marcado por atritos entre os EUA, que se opunham a menções a metas nesta etapa, e a UE, que defendia o estabelecimento de uma redução de até 40% nas emissões até 2020.