Mauá – Itamonte: Travessia Invernal na Mantiqueira


Finalmente a Travessia!

Levantamos preguiçosamente por volta das 7hrs com o sol forte la fora prometendo um dia daqueles. Teve ainda aqueles q foram tomar seu ultimo banho decente, tipo a Emilia e seu enorme shampoozao! O café da matina foi no quarto mesmo, onde apenas percebi q o refil do fogareiro recém-acabara. Felizmente Sandra e Paula gentilmente me cederam o delas p/ preparar meus rangos. Últimos preparativos, arrumações e pronto. Inicio da pernada pontualmente 8:30hrs. Lentamente (e relutantemente tb) deixamos Maromba atrás, seguindo estradinha acima (oeste), sentido a Cachoeira do Escorrega. Primeira bifurcação, à direita. Adiante, nova bifurcação. Toma-se à direita, pois a da esquerda leva ao Escorrega. Cruzamos uma rústica ponte sobre o córrego do Maromba em meio a densa mata, composta de quaresmeiras. Nova bifurcação, onde ignoramos a rampa à esquerda e entramos à direita, num portão (Cabanas da Fazenda), onde a estradinha de terra vai lentamente se estreitando em meio à agradável sombra de pinheiros e eucaliptos. Não andamos muito e já vemos 2 casinhas à esquerda. Seguimos adiante, erroneamente. Voltamos novamente ate antes das duas casinhas, saimos da estrada e adentramos num curral após um pomar e belo gramado, a esquerda. No final do curral lamacento é q de fato comeca a trilha, uma picada q vai subindo em ziguezague toda aquela encosta morro acima. À esta altura já temos a companhia de 3 cachorros da região (2 vira-latas e um belo lavrador), q com muito esforço temos q afastar. Um deles, porem, continua a nos acompanhar discretamente de longe, ate q finalmente acaba se integrando à trupe. Recebe, convenientemente, o nome de Maromba. A trilha sobe íngreme entre araucárias e algum pasto, mas logo em seguida a vegetação baixa p/ arbustos e samabaias, sempre ziguezagueando. A trilha é bem nítida, não tem erro pq é mto usada pelo pessoal da região. Num trecho há ate uma bica, q abastece os cantis incompletos. Mais acima, um pouco de vegetação maior nos provê de sombra fresca p/ aquela manha azul e ensolarada. Alcançado o topo, 1hrs depois, é so seguir pela crista acima, à esquerda (oeste), acompanhando a cerca rumo ao paredão rochoso maior da Serra Negra. Estamos a quase 300m acima de Maromba,q não observamos devido a morros obstruindo sua visão, mas podemos ver Mauá e Maringá, a sudeste ao sopé das verdes montanhas. O trilho aqui segue pela crista em aclive suave, alternando terrenos erodido c/ areia fina, enfim, uma passarela de samambaias onde um cavalo branco quase nos atropela em sentido oposto. Segue-se nesse ritmo um bom tempo ate alcancar quase 1400m de altitude, de acordo c/ o super relogio-altimetro-bussola-canivete-etc do Ronald!! São 10:30. Após alguns trechos de florestas c/ boa sombra, bordejando enormes cupinzeiros e muita mata ciliar, o trilho pela crista torna-se novamente íngreme, vários sulcos e carreiros erodidos se embaralham em meio a arbustos e mata rala, mas todos acabam se encontrando la em cima. Finalmente, quase meio-dia, alcançamos o q julgamos ser o topo, um amplo e vasto gramadao num local aberto, onde a mata rala se mistura com algumas bromélias. A vista se abre consideravelmente nos permitindo vislumbrar o paredão rochoso da Serra Negra, a esquerda, e montanhas forradas de verde ao fundo do Vale do Paraíba. Pausa p/ descanso, lanche e clicks! O sol tava pegando e o Maromba não perdia tempo em se aninhar na sombrinha dos arbustos, disputada a tapa por todos. O relógio do Ronald contabilizava 800m de desnível ate ali. Pé na trilha e em pouco tempo estamos de fato no topo, um amplo platozao descampado q se estende p/ oeste forrado de capim e alguns focos de florestas dispersos, com altas vistas da Serra do Papagaio, ao norte. Este trecho é bem tranqüilo, sem maior esforço pois o aclive é quase imperceptível e o trilho é bem nítido. Bom p/ Sandra q me cobrava a toda hora qdo é q trilha suavizaria. Lentamente vamos contornando a encosta da montanha a nossa esquerda, deixando as cristas da Mantiqueira p/ trás. E um novo vale se abre diante nos. É o Vale do Aiuruoca, com o rio homônimo serpenteando o fundo do vale, ao pé de imponentes montanhas q o acompanham de sul a norte, q identificamos como o planalto de Itatiaia (c/ o Alsene, minúsculo pto branco ao sul), a Serra da Vargem Grande, Serra da Cachoeira e Serra das Costas..Uma paisagem q realmente impressiona. Agora o caminho desce suavemente pelo ombro da montanha onde estamos p/ noroeste. Dizem q aqui há uma bica, porem não achamos a dita cuja, ou tomamos o sulco errado, sei la.. Mas a medida q fomos perdendo altitude, passamos do lado de uma cerca (e um pequeno casebre fechado), no qual nos abastecemos da cx dagua local, q despejava do alto seu precioso liquido q alem de encher nossos cantis, molhou nossas cabeças suadas diante do calor daquela tarde ensolarada. Continuando a descida, chegamos num foco de floresta onde a trilha trifurcava, onde a opção da direita, + batida, descia p/ norte. As demais, aparentemente + fechadas, sera q dariam p/ sudoeste ou oeste? Não sei, tomamos a mais obvia e batida, sem muito pestanejar, e la fomos nos, perdendo um tantao de altura em acentuados ziguezagues, já ouvindo barulho la de baixo e avistando uma casinha do lado de uma estradinha. Após descida acentuada, e um desnível de quase 300m, chegamos no q devia ser o quintal da casinha avistada, num gramado bem simpático e um pequeno córrego abastecendo os cochos ao redor. É a casa do seu Anísio e a casa/pousada dos filhos dele. Bob já conehcia o dito cujo de outra ocasião, motivo pelo qual o simpático senhor fez o possível p/ nos segurar. Dna Rosa, sua mulher, conseguiu um pouco isso c/ seu delicioso cafezinho e alguns quitutes saídos do seu forno a lenha. Eram 15hrs e demos um tempinho de descanso diante de tanta hospitalidade. O convite de pernoite p/ ouvir os causos de Seu Anísio era muito tentador, porem ainda havia luz suficiente p/ adiantarmos pernada ate atingirmos o rio propriamente dito. O Maromba, por sua vez aprontou das dele: quase levou um pau de uma galinha pq havia pego (e morto) um de seus pintinhos, q logo em seguida outro cachorro pegou da boca dele. Q feio.. A pernada segue pela estradinha de terra, q desce suavemente pelas encostas montanhosas p/ noroeste. Há muitos pequenos platozinhos ideais p/ pernoite, mas a idéia é ficar do lado do rio, no fundo do vale, cujas águas são audíveis do alto . Algumas pequenas casinhas e fazendinhas são transpostas atraves de porteiras, onde o Maromba se divertia atazanando as vaquinhas. O sol vai lentamente esparramando seus últimos raios pelas montanhas qdo chegamos ao Rio Aiuruoca, deixando o vale razoavelmente escuro antes mesmo de anoitecer. Antes da rústica ponte, o convidativo gramado de um campinho de futebol sera nosso camping improvisado daquele dia cansativo. Armadas as barracas 16:15, alguns arriscam um banho nas águas geladas (gelada mesmo!) do Aiuruoca. Vendo a Paula, Emilia e Edu e Silvana entrarem nas águas ate me animou, mas a idéia foi pro espaço assim q meu pezinho tocou o gelo q o rio tava. Nelson e Sandra tb desistiram. Sem chance, desta vez baixo meu chapéu as meninas, q saíram de lá c/ o queixo batendo.. A claridade enfim se foi e a temperatura caiu rapidamente ao cair da noite. Aquele vale era um gelo só! Preparamos nossa janta no quiosque do campinho, q veio a calhar como cozinha. La fizemos nosso miojao básico, sopa de legumes, lingüiça c/ arroz, etc.. O Maromba, educado q ele só, fazia aquela cara de coitado e sempre ganhava alguma coisa p/ petiscar. Bob foi o barman da noite e trouxe um bom vinho tinto q a galera detonou rapidinho. Terminado o rango, papeamos + um pouco, ouvindo a Sandra contar as peripécias de sua filha, outra figura onipresente na trip. Mas o frio daquele vale umido nos intimou a recolher antes das 20:30hrs. Fui deitar apenas p/ constatar q tava com dor de garganta e engolir tava um martírio só.. A noite, salpicada de estrelas, foi agraciada c/ uma bela meia-lua q prateou tanto o campo como as montanhas ao redor. De madruga acordei varias vezes; a temperatura despencara + e tive q ensacar meus pés p/ suportar a friaca.

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