Esporte da moda, a corrida de aventura está cada vez mais em alta no Brasil. Equipes profissionais e amadoras estão invadindo matas e sertões em busca de aventura. O prazer, po
Esporte da moda, a corrida de aventura está cada vez mais em alta no Brasil. Equipes profissionais e amadoras estão invadindo matas e sertões em busca de aventura. O prazer, por enquanto, é terminar o que já é uma grande aventura. A corrida de aventura no Brasil existe desde 1998, com a realização da primeira Expedição Mata Atlântica. No mundo, desde 1989, com o Raid Gauloises. No início, no Brasil, as pessoas começavam a praticar o esporte com o incentivo de amigos e até treinadores de corrida de rua e triatlo. Hoje, moldado o perfil do praticante, é melhor iniciar com o apoio de um curso de corrida de aventura, para melhor se adaptar a modalidades, equipamentos, orientação e trabalho em equipe. Separamos algumas dicas para você começar no esporte. Ou, se já é praticante, prestar atenção. Afinal, o importante é chegar ao fim
1 – Habilidades: você deve ter conhecimento para pelo menos três esportes básicos trekking, mountain biking e canoagem. Técnicas verticais e modalidades dentro da canoagem podem ser desenvolvidas depois.
2 – Equipe: os treinos com a equipe são a melhor maneira de avaliar horas de relacionamento com a equipe. Além de claro se exercitar, o treino longo é a chance que você tem de conviver com sua equipe ou seus amigos em momentos difíceis para você ou para eles. E saber administrá-los.
3 – Duração: corrida de aventura tem atualmente para todos os gostos, de quatro a 120 horas. O perfil e a disposição de tempo dependem de vários fatores. O sono é um dos mais importantes. Imagine que existem corridas de 140 horas (Eco Challenge) e que a equipe vencedora dormiu apenas oito horas em todo o período de prova. E, no Brasil, na prova Ecomotion/Pro, de 100 horas, a equipe ganhadora dormiu apenas três horas.
4 – Alimentação constante: a nutrição correta não é somente no evento, mas antes e depois. Mas, se falarmos do momento da corrida, o que mais deve ser ingerido são carboidratos de fácil digestão. Os suplementos em gel e a maltodextrina dissolvida em suco ou água são excelentes combustíveis para algumas horas de competição, assim como barras energéticas. Quando a prova se estender por mais de oito horas, é importante a introdução de alimentos quentes (se possível, pela equipe de apoio) e outros mais gordurosos, como embutidos e queijo salgado. 5 – Hidratação constante: mesma regra para alimentação, ou seja, o indivíduo deve estar preocupado com sua reposição de líquidos uma semana antes da competição. Precisa estar atento a isso, não só na reposição de água, mas também dos sais minerais. Durante a competição, procure diversificar a fonte de hidratação para não enjoar, como água mineral no reservatório de água e suco, refresco em pó e outros no squezze, na bike ou na mochila.
6 – Equipar-se contra o frio: o frio é um agente que dificulta muito o término de algumas provas. Quem nunca ouviu falar de hipotermia? Assim, lembre-se de que, mesmo em lugares quentes, como o litoral brasileiro, a umidade constante nas roupas pode abaixar a temperatura do corpo gradativamente e piorar a situação. Na montanha, em grandes altitudes, onde a temperatura é mais baixa, a queda de temperatura à noite é maior e o vento também pode auxiliar na sensação térmica de mais frio.
7 – Chuva, água e equipamentos: nada pior do que você molhado, com roupa de manga comprida e seu equipamento idem, molhado. Que frio! Para isso, roupas com tecidos especiais, com tecnologia de secagem rápida. E equipamentos como mochilas com ilhós no fundo, para, no caso de chuva forte ou alagamento em canoa, ter por onde liberar a saída de água.
8 – Duplicidade de equipamentos: não é para ter dois de tudo. Mas duas bússolas, dois lençóis térmicos e dois apitos por equipe não fazem mal a ninguém. São equipamentos simples de segurança e a bússola, o principal de orientação. Por serem pequenos, leves e muito utilizados, poderiam ser levados em duplas. A boa quantidade de equipes que perde a bússola durante a competição faz a recomendação não virar uma lenda.
9 – Cuidado com os pés: pense que vai ficar sem trocar o tênis durante pelo menos seis horas, praticando exercício físico intenso e, por vezes, debaixo de água. Então, muito suor e umidade, certo? Para lubrificar os pés e evitar a abrasão, use nos pés vaselina ou Hypoglós antes de colocar a meia, lambuzando bem. O bom da vaselina é que ela faz uma camada à prova d’água durante um longo tempo, enquanto a pomada faz a restauração da pele antes de ser machucada.
10 – Lubrificação das zonas de atrito: antes da competição, no momento de se vestir, passe muita vaselina nas áreas que você considerou em seus treinos como de atrito com sua pele, com a mochila e outros equipamentos. Ou seja, virilha, axilas, ombros, marcas de colete salva-vidas. Lambuze mesmo, sem dó.
11 – Água no meio do caminho: não tome água de origem duvidosa. Resista à tentação de tomar água límpida de riachos ou lagoas. Compre um frasco de Hidrosteril ou similar e carregue na mochila durante a competição. No caso de se reabastecer no meio do caminho, pingue uma gota em cada 1 litro de água. Espere 15 minutos. Aí sim, pode beber.
12 – Cobras e animais peçonhentos: são raríssimos os acidentes com animais peçonhentos em uma corrida. No trekking principalmente, evite manipular troncos de árvore caídos ou similares. Ao parar para descansar, esteja atento e observe onde vai sentar ou onde deixará sua mochila. Cuidado ao encostar em árvores ou construções rústicas. Deixe a mochila sempre fechada. Cerca de 80% das picadas de cobra são nas pernas. Tome cuidado ao fazer suas necessidades fisiológicas.
13 – Roupas: no verão é fácil: manga curta, calça ou bermuda. O cuidado com o sol exige filtro solar fator 30 e bermuda nem sempre é uma boa idéia quando se imaginam arranhões, picadas de insetos e quedas. No frio, o quadro muda: tente se vestir com três camadas de blusa: primeira pele, fleece justo e anorak. Assim, você vai permitir a evaporação de suor em contato com o corpo, manter o calor sem dissipação e cortar o vento antes que ele abaixe ainda mais a temperatura do corpo. Nas pernas, para maior mobilidade, calça de lycra reforçada, se possível com bolsos laterais. Luvas com dedos e gorro na mochila.
14 – Tênis leve ou com solado resistente: os dois, se possível. Na dúvida de comprar ou levar, pense se sua equipe corre na trilha ou não, se você vai pedalar com o mesmo tênis ou com sapatilha ou se você torce muito o tornozelo (assim, prefira os tênis de cano médio). O melhor tênis é aquele com que você se sente mais confortável devido ao formato de seu pé, à aderência do solado e ao peso no conjunto.
15 – Estojo de primeiros-socorros: tenha sempre um estojo pequeno e obrigatório na mochila da equipe e uma caixa com o apoio (se houver). No estojo: antialérgico, antiinflamatório, analgésico, sal, antidiarréico, esparadrapo, gaze e frasco pequeno de povidine.
16 – Escolha da equipe de apoio: o apoio de sua equipe não é seu escravo. Mas também precisa ter disposição para auxiliar nas paradas da equipe de corrida e, principalmente, na limpeza de equipamentos e bike, na preparação de comida, na reposição de alimentos e líquidos dos atletas. Converse com amigos e veja a disponibilidade deles. Também veja em sites e entidades que organizam corridas os apoios profissionais, que têm carro 4 X 4 e sabem tudo sobre apoio.
17 – Organização da equipe: é fundamental saber se organizar (equipamentos e horários) e que sua equipe seja organizada com você. Para isso, respeito e atenção são fatores essenciais para o cumprimento da divisão de equipamentos, de compra de suprimentos e de horários.
18 – Orçamento adequado: corrida de aventura é um esporte elitizado, sem dúvida. Alguns fatores podem fazer com que uma equipe sem muitos recursos consiga competir, enquanto outras com muitos recursos acreditem que nunca têm verba suficiente para isso. Avalie a corrida desejada também pelos gastos: inscrição, transporte, logística local, troca ou aquisição de equipamentos. Se a prova tiver equipamentos específicos e você estiver começando, que tal pedir emprestado?
19 – Respeitar o ritmo do mais fraco: se, após treinos e cursos, a equipe estiver coesa, mas na competição um dos integrantes se mostrar mais fraco, não adianta empurrá-lo apenas com palavras de incentivo. Às vezes, precisa de mais demonstrações de espírito de equipe do que isso. É necessário intervir com racionalidade para levar a mochila, empurrá-lo em uma subida ou mesmo rebocá-lo em trecho de ciclismo. Dividindo o peso acumulado, a equipe tem mais chances de terminar a prova e ser classificada.
Na mochila Competir nas corridas de aventura requer uma boa preparação física, empatia com a natureza e disponibilidade de tempo para viagens e treinos. Os itens a seguir são necessários na mochila de um esportista de corridas, seja ele iniciante ou experiente. Faça seu check list:
anorak para chuva (R$ 280);
apito (R$ 5);
barra de cereal (R$ 1);
barra energética (R$ 6,30);
bicicleta para mountain bike (R$ 2 mil);
bússola (R$ 55);
calça e camiseta de tecido tecnológico (R$ 100);
capacete (R$ 150);
colete salva-vidas (R$ 130);
espelho (R$ 5);
estojo de primeiros-socorros (R$ 30);
inscrição individual em prova (R$ 100);
isotônicos (R$ 2);
lanterna de cabeça (R$ 240);
luvas (R$ 39);
luz pisca-pisca (R$ 20);
mochila resistente e impermeável (R$ 200);
porta-mapas (R$ 70);
saco estanque de 6 litros (R$ 28,40);
saco hidratante para mochila de 1,5 litro (R$ 60);
tênis de secagem rápida (R$ 300).