O remo é um dos instrumentos preferidos dos apaixonados pela natureza selvagem. Isto porque, nas regiões civilizadas, os rios permitem ver de uma forma inédita paisagens que pe O remo é um dos instrumentos preferidos dos apaixonados pela natureza selvagem. Isto porque, nas regiões civilizadas, os rios permitem ver de uma forma inédita paisagens que pensaríamos conhecidas. E também porque nos últimos sítios ainda selvagens deste planeta, como nas florestas tropicais, os rios constituem a via de deslocação priviligiada.
Conhecer as águas vivas
Os guias turísticos sobre as regiões e os relatos de expedições descrevem os rios e os rápidos com base numa classificação de 1 a 6, segundo as dificuldades de navegação que apresentam. Para resumir esta proposta, até à classe 3 navega-se à vista, procurando-se sobre o curso de água, por entre a espuma, os desenhos em V traçados pelos veios de corrente navegáveis. A partir daqui, é uma outra história, que não cabe no âmbito deste site!
Uma constante impõe-se, mesmo assim: a menos que esteja descrita, balizada, explicada pelos practicantes locais, nenhum rio aqui nas nossas paragens se deve descer, se não puder ir sendo visto a partir da margem. Entre as pontes, as comportas, as barragens, os arames farpados que atravessam os cursos de água… com demasiada frequência podemos deparar com armadilhas, eventualmente mortais.
Classes de rios
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I: Muito fácil, água lisa e corrente fraca.
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II: Fácil, os movimentos da água apenas se sentem, com pequenas ondas e elevações no leito do rio.
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III: De média dificuldade, pode falar-se de um rápido, com ondas mais altas. Há rochas, mas as passagens são sempre visíveis.
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IV: Difícil, tem remoinhos, numerosos obtáculos: é preciso determinar a passagem antecipadamente.
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V: Muito difícil, exige muita técnica. Sobretudo quando se tem de transpor quedas!
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VI: Extremamente difícil: Entra-se no domínio do extremo, sem qualquer possibilidade de parar se as coisas derem para o torto…
Manobrar um caiaque
O remo, duplo no caiaque, não serve só para propulsar o caiaque mas também para se embarcar, para assegurar o equílibrio. E quando se fala de propulsão, isto quer dizer: à frente, atrás, à volta, e mesmo lateralmente! O remo duplo está para o caiaque assim como as barbatanas estão para o peixe.
Entrar para o caiaque:
O caiaque está encostado à margem. Coloca-se o remo a atravessar a parte de trás, com uma das pás apoiadas contra o solo. Com uma mão mantém-se o remo no lugar. Faz-se deslizar primeiro uma perna para dentro do barco, depois a outra. Falta só pôr a cinta de impermeabilidade à volta do cockpit, e pode-se começar a navegar!
Como se avançar e recuar:
O afastamento das mãos no remo deve corresponder à largura dos ombros. Levantar bem o remo antes de o mergulhar na água o mais longe possível à nossa frente. Para fazer marcha-atrás, devemos inverter o movimento, inclinando-nos, a fim de «chegar à água» lá atrás.
Virar:
O princípio é que se remarmos mais de um lado, o barco dirige-se para o outro lado. Quanto mais nos inclinarmos para a frente para acentuar este movimento para um dos lados, melhor se dá a volta. Chama-se a este gesto «propulsão circular». E consegue-se dar uma volta ainda mais apertada se a este movimento se acrescentar mais uma remadela para trás, do outro lado: a «retropropulsão circular».
Deslocar o caiaque lateralmente:
Isto consiste em «chegar à água» ao lado do caiaque, e em nos pormos a navegar nessa zona. No final de um movimento, faz-se girar a pá do remo para a fazer voltar a sair da água. O desvio consiste em colocar o remo contra o caiaque, com a pá paralela ao eixo do casco, e em impelir a água.
Manter o equilibrio:
Uma experiência: façamos brutalmente inclinar o caiaque, e batamos em cheio com a pá do mesmo na água: o movimento de soçobro parou. Se fizermos esta experiência com o caiaque a andar, ficaremos mesmo surpreendidos pela firmeza deste apoio!
Manobrar uma canoa
Como nos devemos posicionar para remar:
Utilizada apenas uma pessoa ou por duas, uma canoa manobra-se com um remo simples, de uma só pá. A posição de joelhos depende disso: assim instalados, ficamos com maior mobilidadepara efectuar gestos amplos em todas as direcções. A mão superior segura o cabo, também chamado «azeitona», e a mão inferior segura a parte do cabo mesmo por cima da pá. Para propulsar o barco, o remo deve aflorar a água em posição oblíqua. Para ir direito, no final do movimento, vira-se a pá do remo contra o barco, para fazer de leme. Ao terminar cada movimento na água, deve-se voltar tão rapidamente quanto possível à posição de ataque.
Manobrar uma canoa a dois:
De facto, os gestos de base da canoa, quer vamos sozinhos um com um par, são os mesmos que enunciei relativamente ao caiaque. No entanto, o facto de ir com outra pessoa permite-nos manobrar de forma mais eficaz, desde que os movimentos estejam coordenados. O princípio é colocar-se o remador mais experimentado na parte de trás. É ele que mantem o barco numa rota rectilínea, corrigindo o remar do companheiro que vai à frente: dando ao leme, se as remadelas do outro forem muito fracas, ou uma propulsão circular, se forem muito fortes. Assim, para se dar uma curva de canoa, cada remador efectuará um movimento de propulsão – ou de retropropulsão – circular. Para uma simples correcção da rota, em princípio, só deve intervir o remador que vai atrás; mas em certas circunstâncias, também pode ser o remador da frente a fazê-lo. Vê-se bem como é mesmo útil eles entenderem-se! Para deslocar a canoa lateralmente, um dos remadores rema para a frente, enquanto o outro anda para trás. Quem faz o quê? Isso depende do lado para o qual se desloca o barco e da mão com que cada um deles rema. Pode também combinar-se o travar de um com o manejar do leme do outro numa situação de urgência, por exemplo.